O consumo de televisão continua a ser um reflexo interessante das tendências e preferências do público português. O recente aumento do tempo médio de visualização para quase seis horas diárias demonstra que, apesar da crescente popularidade do streaming e das plataformas digitais, a televisão tradicional mantém um papel relevante no quotidiano.
Curiosamente, os canais generalistas enfrentam desafios na retenção de audiências, com a RTP1, SIC e TVI a registarem quedas nos seus ‘shares’. Esta tendência sugere que o público está à procura de alternativas, com o cabo a consolidar a sua posição como principal escolha, atingindo uma quota significativa. A liderança da CMTV no cabo não surpreende, dada a sua programação centrada na atualidade e nos conteúdos desportivos, áreas que continuam a atrair um público fiel e interessado.
Em termos de conteúdos mais vistos, é interessante observar como formatos distintos captam a atenção do público. O humor irreverente de Isto é Gozar com Quem Trabalha permanece como um dos programas favoritos, ao passo que os reality shows da TVI, como o Secret Story Desafio Final, continuam a demonstrar a sua força. Já O Preço Certo, um clássico da televisão portuguesa, mantém-se como um exemplo de como a familiaridade e a simplicidade ainda conquistam audiências de todas as idades.
Sem Futebol, com queda
O impacto da ausência de jogos de futebol em sinal aberto também é uma questão relevante. O desporto tem sido historicamente um motor de audiências e a sua falta representa uma oportunidade para outros formatos brilharem. A forte presença de programas desportivos na CMTV revela o apetite contínuo por conteúdos relacionados com o futebol, o que poderá indicar uma necessidade de diversificação por parte dos canais generalistas.
Este panorama levanta algumas questões sobre o futuro da televisão em Portugal. Será que os canais tradicionais conseguirão adaptar-se às novas exigências do público? A ascensão do cabo e das plataformas digitais mostra que o mercado está em constante evolução, e só quem souber inovar e compreender as mudanças no comportamento do espectador conseguirá manter-se relevante.