'Casados à Primeira Vista': Acusações de violência doméstica abalam cerimónia e expõem limite ético do formato

Raquel e Hugo protagonizam um momento alarmante em ‘Casados à Primeira Vista’, ao trocarem acusações de violência doméstica. O formato da SIC é posto em causa.

'Casados à Primeira Vista': Acusações de violência doméstica abalam cerimónia e expõem limite ético do formato
Hugo e Raquel de Casados à Primeira Vista. Foto: SIC

A ‘Cerimónia de Compromisso’ deste domingo, 22 de junho, promete marcar um ponto de não retorno no percurso de Raquel Mendes e Hugo Oliveira, participantes da atual temporada de 'Casados à Primeira Vista', transmitida pela SIC. O episódio que será exibido retrata um momento de enorme confusão, em que ambos os concorrentes trocam acusações mútuas de violência doméstica. Uma situação inédita no programa e que levanta sérias questões sobre os limites éticos do formato televisivo.

A polémica instala-se após o jantar de grupo, gravado a 5 de maio. Raquel descobriu, nas redes sociais, um comentário ofensivo da mãe do companheiro. Ao confrontá-lo com o conteúdo, a discussão entre ambos descambou. Fontes próximas da produção revelaram que houve gritos, insultos e até ameaças. Hugo terá impedido Raquel de entrar em casa e ameaçou chamar a polícia, caso fosse obrigado a dividir o mesmo teto com ela. Raquel, por sua vez, recusou-se também a dormir sob o mesmo teto, deixando claro que o fim do relacionamento era inevitável.

Apesar disso, e de tudo indicar que o casal já não tinha qualquer margem para reconstruir a relação, ambos ainda permanecem na experiência até à Cerimónia de Renovação de Votos.

Um momento grave, tratado com leveza

No dia seguinte, a 6 de maio, durante a Cerimónia de Compromisso, as acusações mútuas foram expostas diante dos especialistas Cris Carvalho, Sara Malcato e Eduardo Torgal. Hugo acusou Raquel de violência doméstica, alegando ter-se sentido fisicamente ameaçado. Raquel contra-atacou, afirmando também ter sido alvo de ameaças e comportamentos intimidatórios.

O momento criou um visível desconforto entre os especialistas, que alertaram para a gravidade do tema e para a forma leviana com que este foi verbalizado diante das câmaras. A produção optou por manter a sequência no programa, o que pode ser visto como um reflexo da dificuldade dos formatos de entretenimento em lidar com questões tão sensíveis.

Quando a televisão ultrapassa os limites

Este episódio, por mais mediático que seja, não deveria servir como trunfo narrativo de um reality show. Assistimos a dois participantes a trocar acusações gravíssimas, com impacto emocional e social claro, perante câmaras, especialistas e o país inteiro. É legítimo questionar se a produção do programa está realmente preparada para gerir estas situações ou se se limita a aproveitá-las em nome do “conteúdo”.

O entretenimento não pode justificar tudo. Colocar temas tão delicados como a violência doméstica no centro de um conflito exibido em horário nobre, sem o devido cuidado e acompanhamento, é irresponsável. A televisão tem o dever de entreter, sim, mas também de proteger. E, neste caso, nem todos os limites foram respeitados.