Dinis e Tiago foram recentemente expulsos do 'Big Brother', na TVI, depois de se envolverem em conversas e atitudes que não passaram despercebidas ao público. O momento decisivo deu-se após um jantar onde, entre risos e comentários controversos, foi discutido o que consideravam “a mulher ideal” — um momento que muitos interpretaram como desrespeitador e machista. A resposta foi imediata: nas votações, os dois concorrentes foram fortemente penalizados e acabaram por abandonar o programa, um no sábado e outro no domingo.

Big Brother' é um jogo, mas também é um espelho da sociedade. E se antes se dizia que "tudo vale" em nome do entretenimento, hoje os tempos são outros. As redes sociais, os valores de igualdade e respeito, e a consciência coletiva de que palavras e atitudes têm consequências, tornam o julgamento do público mais rápido — e implacável.

Tiago, visivelmente afectado, afirmou que apenas quis ser fiel às suas ideias e expressar o que pensa. Já Dinis lamentou a forma como foi interpretado, mas acabou por reconhecer que houve impacto negativo nas suas palavras. Ambos tentaram justificar-se, mas já era tarde demais. A pressão pública falou mais alto.

Este caso levanta questões importantes sobre os limites do entretenimento. Até onde se pode ir em nome das audiências? Que responsabilidade têm os concorrentes, os produtores e até os canais de televisão quando expõem conversas, valores e atitudes discutíveis em horário nobre?

Por um lado, é saudável que a sociedade esteja mais atenta e reaja contra comportamentos ofensivos. É sinal de progresso. Mas também é importante questionar se estamos a permitir espaço para o arrependimento, o crescimento pessoal e a aprendizagem. Cancelar alguém não pode ser um reflexo automático sempre que há erro. Tem de haver espaço para reflexão, para ouvir e para educar — dentro e fora da casa.

Big Brother' é uma plataforma poderosa. Mostra o melhor e o pior das pessoas. Mas também tem uma missão: entreter com responsabilidade, sem alimentar discursos que ferem. E talvez seja tempo de repensar como construímos conteúdo televisivo, sem recorrer ao choque e à polémica como moeda principal. O público está mais atento — e cada vez exige mais.

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