Bento Rodrigues, reconhecido jornalista da SIC, foi recentemente condecorado em Timor-Leste, com a Ordem de Timor-Leste pelo Presidente José Ramos-Horta. A distinção foi atribuída no âmbito das celebrações que assinalam os 25 anos do referendo histórico de 1999, em que o povo timorense optou pela independência, apesar de um elevado custo em vidas humanas e sofrimento.
Num discurso emotivo, Bento Rodrigues expressou sentir-se "honrado e comovido" com esta distinção. No entanto, sublinhou que o único reconhecimento que procura é a confiança do público que diariamente acompanha o seu trabalho jornalístico: “O único reconhecimento que procuro é a confiança daqueles a quem tenho a responsabilidade de transmitir as notícias.”
Timor-Leste ocupa um lugar especial na carreira de Bento Rodrigues, que lembrou a sua primeira visita ao país em agosto de 1999, pouco depois do referendo. “Cheguei a Timor-Leste pela primeira vez em agosto de 1999. Em Díli, os destroços da cidade ainda fumegavam. Era um país queimado pelas milícias indonésias durante a fuga, com uma precisão, planeamento e crueldade chocantes. Cheirava a queimado e a morte. Milhares de timorenses chacinados, milhares deportados para a parte indonésia de Timor”, recordou.
Ao longo dos anos, Bento Rodrigues voltou a Timor-Leste para cobrir momentos cruciais da história do país, incluindo as primeiras eleições livres em 2001 e as eleições presidenciais de 2007. O jornalista sublinhou que o reconhecimento que agora recebe não é apenas pessoal, mas estende-se ao papel do jornalismo em dar voz à luta pela liberdade: “O jornalismo cumpriu aqui o seu papel mais nobre, levar ao mundo o grito de liberdade de um povo que muito poucos queriam ouvir, ser quem documenta e denuncia a opressão, a voz que pergunta e confronta, que mostra a coragem de quem resiste e a barbárie do ocupante no momento em que foge.”
A par de Bento Rodrigues, foram também condecorados outros jornalistas portugueses que desempenharam um papel relevante na cobertura dos acontecimentos em Timor-Leste: Paulo Nogueira, Pedro Sousa Pereira e Fernando Peixeiro, da agência Lusa, Pedro Miguel Duarte Costa, da SIC, António Pedro Valador, da RTP, e Pedro Manuel Mesquita e José Luís Ramos Pinheiro, da Rádio Renascença.
Esta homenagem sublinha o impacto duradouro do trabalho jornalístico na história recente de Timor-Leste e o papel fundamental que a comunicação social desempenha na defesa da liberdade e dos direitos humanos.