A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) está no centro de uma controvérsia que marca a primeira grande polémica desde que os atuais membros do Conselho Regulador tomaram posse em novembro de 2023. A questão gira em torno de uma entrevista conduzida por José Rodrigues dos Santos na RTP1, no dia 5 de junho, com Marta Temido, então cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu. A entrevista levou à apresentação de três queixas, o que resultou numa deliberação da ERC, datada de 7 de junho, onde o jornalista foi criticado por alegadamente se afastar "do registo de factualidade e das regras de condução da entrevista jornalística". A ERC considerou ainda que não foi dado "espaço à entrevistada para expor os seus pontos de vista", o que poderia ter prejudicado o direito dos telespectadores de serem devidamente informados.
A deliberação da ERC não passou despercebida e gerou reações. José Rodrigues dos Santos, em resposta, manifestou publicamente a sua indignação, acusando a ERC de realizar um "atentado à liberdade dos jornalistas em democracia". O jornalista defendeu-se alegando que a forma como conduziu a entrevista foi motivada pelo facto de Marta Temido ter negado "informação factualmente verdadeira" ou ter proferido "declarações factualmente falsas".
A controvérsia ganhou uma nova dimensão com a Iniciativa Liberal (IL), que requereu a audição da ERC no Parlamento. O partido liderado por Rui Rocha apresentou o pedido na terça-feira, sublinhando a importância de esclarecer se a deliberação da ERC representou uma interferência na liberdade jornalística. A IL considera que este conflito é "da maior relevância para a Assembleia da República", destacando a importância de proteger a liberdade de imprensa em Portugal.
Este caso coloca a ERC sob escrutínio público e político, levantando questões sobre o equilíbrio entre a regulação dos media e a proteção da liberdade de expressão e jornalismo.