Maria Cerqueira Gomes viveu momentos de grande tensão ao ser apanhada pelo incêndio que deflagra em Albergaria-a-Velha, quando regressava a Lisboa após uma visita ao Porto. A conhecida apresentadora da TVI partilhou a sua experiência em direto, num telefonema para o programa matinal Dois às 10, descrevendo o terror que viveu e a rapidez com que tudo aconteceu.
"Comecei a perceber que havia qualquer coisa de errado, visto que o tempo de chegada a Lisboa era francamente superior àquele que normalmente faço", começou por relatar. O alerta surgiu quando o GPS começou a sugerir estradas secundárias, desviando-a da autoestrada. "O céu começou a ficar cada vez mais escuro, e muitas pessoas, tal como eu, estavam perdidas nas ruelas pequenas", continuou.
O cenário agravou-se rapidamente, com a apresentadora a revelar que, num dado momento, já não conseguia ver o carro à sua frente devido ao fumo intenso. "Cheguei a Albergaria e não havia saída possível", relatou, notando que, numa tentativa de procurar abrigo, dirigiu-se ao quartel dos bombeiros locais. Contudo, o próprio quartel estava numa zona de fábricas, considerada insegura. "Disseram-me que seria mais seguro deslocarmo-nos até uma igreja", recorda Maria.
Com o fogo nas suas costas e o fumo a cercá-la, Maria descreveu a sensação de desespero. "É um cenário de horror. Aquilo que vemos nos filmes e nas notícias todos os anos... só vivendo para perceber o que estes homens passam, e a rapidez disto tudo. Num segundo, sentes a tua vida em perigo", afirmou, visivelmente emocionada.
Os incêndios continuam a assombrar Portugal
Este incidente vivido por Maria Cerqueira Gomes levanta uma vez mais a questão dos incêndios florestais em Portugal, que em 2024 continuam a ser uma ameaça constante. O país, conhecido pela sua vasta área florestal e clima mediterrâneo, enfrenta, todos os anos, a devastação provocada pelos fogos, muitas vezes agravada por fatores climáticos (quase residuais) e pela falta de prevenção eficaz.
Mas esta situação reflete problemas estruturais de longa data. A falta de limpeza das florestas, o abandono das áreas rurais, nomeadamente das terras agrícolas e o ordenamento do território inadequado são algumas das principais falhas apontadas pelos entendidos. Além disso, os verões longos e secos, criam condições ideais para a propagação dos incêndios.
Enquanto os bombeiros e as populações locais lutam contra as chamas, torna-se evidente que é necessário um maior investimento na Prevenção. A implementação de políticas de reflorestação, a criação de faixas de proteção em áreas florestais e o reforço de meios aéreos e terrestres de combate são algumas das medidas que precisam de ser intensificadas e, acima de tudo, qualificadas.
Maria Cerqueira Gomes, ao partilhar a sua experiência, ajudou a sensibilizar ainda mais o público para a realidade dramática que muitos portugueses vivem durante os meses de verão. As suas palavras são um alerta para a urgência de medidas eficazes que ajudem a prevenir estas grandes catástrofes.