Morreu na passada quinta-feira, 17 de abril, Nuno Guerreiro, aos 52 anos, vítima de uma infeção grave. A notícia deixou em choque o país e o mundo da música portuguesa, que perdeu uma das suas vozes mais inconfundíveis e sensíveis. O cantor, natural de Loulé, faleceu no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, depois de ter dado entrada de urgência no dia anterior.
A notícia foi confirmada pelo Cineteatro Louletano, onde o artista trabalhava há cerca de um ano. “Um ser humano extraordinário”, escreveram, numa nota marcada pela tristeza e pelo reconhecimento do profissionalismo e entrega que sempre demonstrou.
Nuno Guerreiro foi muito mais do que o rosto da Ala dos Namorados. A sua carreira a solo, os projetos paralelos como Zeca Sempre, e a forma como se entregava à arte fizeram dele uma referência na música portuguesa. Sensível, intenso e tecnicamente brilhante, Nuno viveu para a música — e será sempre lembrado por isso.
Mas, infelizmente, nem a morte de alguém com este legado escapa à exploração e ao ruído. Poucas horas depois da confirmação do falecimento, a atriz Maria Vieira utilizou as redes sociais para sugerir publicamente que Nuno teria morrido devido à vacinação contra a COVID-19 ou a complicações relacionadas com a SIDA. Sem qualquer base factual, as declarações levantaram polémica e indignação. É lamentável que, num momento de luto e comoção, se recorra a insinuações infundadas para alimentar agendas pessoais.

Há limites para tudo, até mesmo no espaço público digital. O direito à liberdade de expressão não pode ser confundido com o abuso da dor alheia. E quando se trata da morte de alguém, o respeito devia ser o mínimo denominador comum.
Nuno Guerreiro partiu cedo demais. A sua ausência será sentida nas salas de espetáculo, nos palcos, nas ondas da rádio e na memória de todos os que se comoveram com a sua voz ao longo do tempo. A melhor forma de o homenagear será continuar a escutá-lo — em silêncio, com respeito, e com o coração cheio.