"Portugalando" estreia cinco anos depois do anúncio: ainda vai a tempo?
Anunciado em 2020, o programa Portugalando estreia agora na TVI. Mas após anos de atraso, será que ainda faz sentido? Uma reflexão sobre timing, promessas e realidade.

Anunciado com pompa e circunstância em 2020 durante a emissão especial O Futuro, "Portugalando" foi um dos formatos mais emblemáticos apresentados por Cristina Ferreira quando assumiu a direção de Entretenimento e Ficção da TVI.
A proposta era clara: uma carrinha pão de forma, a repórter Susana Pinto ao volante (figurativamente), e 13 episódios para mostrar o melhor que Portugal tem — de norte a sul, sem filtros nem clichés. Uma espécie de road trip televisiva com sabor a terra, gente e tradição.
Uma pandemia… e depois?
É verdade que a pandemia travou muitos projetos, e "Portugalando" não foi exceção. Mas passaram-se quase cinco anos. Repete-se: cinco. Em televisão, isso é uma eternidade. Ideias perdem frescura, contextos mudam, o público também. E é impossível não perguntar: porque demorou tanto a arrancar um formato que, à partida, não exige grandes recursos nem infraestruturas complexas?
A estreia está agora marcada para o próximo domingo, 25 de maio, e surge com muito menos alarido do que o anúncio original. Num cenário televisivo mais competitivo e fragmentado, será que "Portugalando" ainda consegue conquistar o público?
Susana Pinto é competente, próxima, e encaixa perfeitamente no espírito do formato. Mas há dúvidas sobre se esta viagem não perdeu parte do seu encanto pelo simples facto de ter ficado tanto tempo em banho-maria.
A televisão que promete, mas não cumpre
O caso de "Portugalando" é mais um de tantos exemplos da televisão que promete mundos e fundos e depois demora… ou simplesmente esquece. Quantos projetos apresentados com entusiasmo ficam pelo caminho? Quantas ideias que “vão mudar tudo” acabam por estrear já sem impacto, empurradas para a grelha como quem cumpre obrigações?
A expectativa gerada em 2020 era real. O conceito fazia sentido, o momento também. Mas quando se arrasta durante anos, perde-se o timing — e em televisão, é quase tudo.