Chegou ao fim 'Senhora do Mar', a novela da SIC que, durante meses, prometeu emoção, reviravoltas e uma história de amor marcada pelo mistério e pela tragédia. No entanto, o desfecho da trama acabou por deixar um sabor amargo. Não foi pela surpresa — até porque a votação do público já indicava o desfecho mais previsível — mas sim pela forma como tudo foi conduzido até ao último episódio.
A revelação de que Manuel está afinal vivo, com direito a entrada dramática de bengala e tudo, seria um momento forte... se não tivesse vindo num contexto tão pobre de construção dramática. A sequência pareceu apressada, pouco cuidada e sem o impacto emocional que a história merecia. A veterinária Joana, depois de meses de sofrimento e procura por respostas, reencontra o amor da sua vida de forma quase banal. A reação dela é breve, sem tempo para o espectador digerir o momento, e o diálogo soa forçado.
Pior do que isso, é o que não se viu. A ausência de um verdadeiro clímax, de explicações convincentes, de um confronto com o Padre Filipe — uma das figuras centrais de toda a intriga — deixa a sensação de que a SIC quis apenas fechar o capítulo sem grandes preocupações narrativas. Não houve espaço para explorar as consequências, os porquês, nem o impacto que a ausência de Manuel causou a todos ao seu redor.
A novela, que começou com boas premissas e personagens interessantes, acabou por ser maltratada pelo próprio canal. Horários instáveis, mudanças de destaque na grelha e uma gestão pouco cuidadosa da reta final fizeram com que a narrativa perdesse força. Vários seguidores da trama sentiram-se desrespeitados — e com razão. Quando o público investe tempo e emoções numa história, merece um final à altura. E não uma despedida feita à pressa.
'Senhora do Mar' tinha tudo para ser memorável. Mas, ao contrário do que se esperava, perdeu-se em marés pouco claras. E no fim, não foi o regresso de Manuel que nos emocionou. Foi a certeza de que a novela podia — e devia — ter sido muito mais bem tratada.